Zika: com
mais de 9 mil casos em seus territórios, França investe em pesquisa
- 03/03/2016 22h24
- Brasília
Aline
Leal - Repórter da Agência Brasil
Com mais de 9 mil casos de
infecção por zika registrados em três territórios (Martinica, Guiana Francesa e
Guadalupe) nas Américas desde dezembro de 2015, a França foi um dos primeiros
países a lidar com a grande propagação do vírus, quando ele começou a circular
em 2014 na Polinésia Francesa, território francês localizado na Oceania.
Segundo o embaixador da França no Brasil, Laurent Bili, na época, um terço da
população local, cerca de 270 mil habitantes, foi infectada.
Embaixador
da França, Laurent Bili, diz que pesquisadores franceses estudam o vírus Zika
desde 2014 Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Esta semana, os governos
brasileiro e francês reuniram-se em Brasília para começarem a dialogar sobre
parcerias em pesquisas sobre o Zika. De acordo com Bili, pesquisadores
franceses estudam o vírus Zika desde 2014. “Temos coisas para compartilhar
porque somos um pais que conhece a experiência de uma epidemia e que tem
recursos de pesquisadores especializados em doenças tropicais”, disse o
embaixador.
“Para os territórios nas Américas
[que estão passando por um surto da doença] enviamos mobilização dos serviços
hospitalares, enviamos missões da França para reforçar as equipes e trabalhar
no diagnóstico e tratamento”, explicou Bili. Além disso, o governo francês
desaconselha a ida de gestantes para estes locais.
No país, o Instituto Pasteur e o
Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento estão envolvidos nas pesquisas
sobre o vírus. Segundo o embaixador, também a rede de pesquisa criada para
combater o ebola está sendo útil nos estudos sobre o zika.
No Brasil, os primeiros casos de
doença foram registrados no começo de 2015. A relação com microcefalia foi
confirmada pelo Ministério da Saúde em novembro. No começo de fevereiro a
Organização Mundial da Saúde decretou emergência internacional em saúde
pública devido à "provável" relação entre o zika e a
microcefalia.
Saiba
Mais
O mosquito Aedes aegypti,
vetor do vírus Zika e da dengue, não circula na França, porém, segundo o
embaixador, o país tem 73 casos de infecção por Zika de pessoas que foram
contaminadas fora do país, entre eles, cinco grávidas.
Vacina
O vice-presidente da Dengue Company , Guillaume
Leroy, diz que a vacina para a zika vai demorarFabio Rodrigues Pozzebom/Agência
Brasil
Pesquisadores franceses já
comprovaram cientificamente a ligação entre o vírus Zika e a Síndrome de
Guillain-Barré. Ainda na França, o mesmo laboratório que descobriu a primeira
vacina da dengue, Sanofi-Pasteur, está desenvolvendo uma vacina contra o vírus
Zika.
Guillaume Leroy, vice-presidente
da Dengue Company da Sanofi-Pasteur, explica que toda a plataforma tecnológica
usada para o desenvolvimento da vacina da dengue é um avanço para os estudos do
novo imunizante.
“Estamos na fase de entender o
vírus, entender a resposta imune ao vírus. Depois vamos fazer investigação para
testar algumas tecnologias de vacinas para eleger a melhor para ser testada
contra este vírus. É um processo demorado mas muito importante”, disse Leroy. A
empresa não tem previsão para conclusão do imunizante. “Questão de anos”, disse
Leroy.
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