segunda-feira, 8 de julho de 2019
Humanidade
Descoberta de
brasileiros pode mudar história da humanidade
Publicado em 08/07/2019 - 07:22
Por Jonas
Valente – Repórter Agência Brasil Brasília
Uma
equipe de pesquisadores brasileiros e italianos encontrou materiais que teriam
2,4 milhões de anos em um sítio arqueológico na Jordânia.
A
descoberta coloca novos elementos que podem mudar o conhecimento consolidado
sobre o desenvolvimento da humanidade e das dinâmicas de migração do gênero
homo a partir da África para outras regiões do planeta. O resultado do estudo
foi divulgado em uma revista científica.
Nos
debates acadêmicos, a tese predominante, em que pese polêmicas e hipóteses
divergentes, dá conta que o gênero homo surgiu há cerca de 2,4
milhões de anos na África, tendo como primeiro representante o homo
habilis. Há 2 milhões de anos, teria surgido o homo erectus.
As primeiras
evidências da presença de homo erectus fora do continente africano ocorreu em
um sítio arqueológico da Geórgia, datada de 1,8 milhão de anos.
Os
pesquisadores não identificaram fósseis, mas material de pedra lascada no sítio
da Jordânia.
As
escavações ocorreram entre 2013 e 2015. “Na hora que um homíneo lascou.
Isso quer dizer um evento de lascamento. Elas estavam localizadas em algum
ponto a 20 cm uma da outra. É muito possível que a gente não só tenha
encontrado um sítio antigo, mas que ele tenha significado comportamental”,
disse o pesquisador do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (Universidade de
São Paulo), Astolfo Araújo.
As
primeiras amostras foram pegas em 2013, sendo submetidas a um método
segundo o qual pedras teriam cerca de cinco milhões e o basalto mais baixo
teria 2,5 milhões.
Lâminas coletadas
Segundo
Giancarlo Scardia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), outros dois
métodos de datação foram aplicados em lâminas coletadas.
“Tivemos
cuidado para ter uma idade mais confiável. Os dados convergem para um modelo
que não tem incongruências”, afirmou o pesquisador, em São Paulo.
Professor Walter Neves: descobertas demonstram que
o homem não deixou a África por volta de 1,9 milhão, mas há 2,4 milhões de
anos (Cecília Bastos/USP Imagem)
Segundo o
coordenador da pesquisa, o professor do Instituto de Estudos Avançados da
Universidade de São Paulo, Walter Neves, as descobertas demonstraram que o
homem não deixou a África por volta de 1,9 milhão, mas há 2,4 milhões de anos,
e joga luz sobre qual teria sido a primeira modalidade do gênero homo a
deixar o continente.
“Nós
retrocedemos em 500 mil anos a saída da África. Isso coloca uma pergunta: quem
foi esse primeiro hominíneo a deixar a África? O homo
erectus? Fica claro que o primeiro hominíneo a deixar a
África foi o homo habilis. Veja como muda a perspectiva”, declarou
Neves.
O
cientista destacou que essa descoberta ajuda a compreender algumas reflexões
“nebulosas” nas pesquisas vigentes.
“Nossa
pesquisa vai ajudar a enterrar a discussão do que fazer com essa variabilidade
tremenda que tínhamos na Geórgia. Era diferente porque a transição entre
habilis e erectus se deu na Geórgia. E depois disso se espalhou para o resto do
mundo. A gente resolve um dos maiores pepinos da paleoantropologia dos últimos
anos”, disse.
A íntegra
da pesquisa está publicada na revista Quaternary Science Reviews.
Edição: Kleber Sampaio
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