Ar-condicionado
que não gasta energia pronto para o mercado
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 17/02/2017
O material tem a forma de uma folha flexível, que se amolda a
superfícies curvas, como o telhado de uma casa. [Imagem: CU Boulder]
Ar-condicionado sem gasto de
energia
Engenheiros da Universidade do
Colorado, nos EUA, criaram um irradiador de calor na forma de um metamaterial fino e
flexível, que pode ser fabricado em larga escala com as tecnologias
disponíveis.
O material funciona como uma
espécie de sistema de ar condicionado, resfriando objetos, casas e outras
estruturas de forma contínua, dia e noite, com consumo zero de energia ou água.
Quando aplicado sobre uma
superfície, o filme de metamaterial esfria o objeto embaixo refletindo a
energia solar incidente de volta para o espaço, ao mesmo tempo em que permite
que o objeto libere seu próprio calor na forma de radiação térmica
infravermelha.
Resfriamento radiativo passivo
O metamaterial é um híbrido de
polímero e vidro com apenas 50 micrômetros de espessura - pouco mais do que uma
folha de papel alumínio usada na cozinha - e pode ser fabricado a custo baixo
em rolos, o que o torna uma tecnologia viável em grande escala tanto para
aplicações residenciais quanto comerciais.
O material tira proveito do
resfriamento radiativo passivo, o processo pelo qual os objetos perdem calor
naturalmente na forma de radiação infravermelha, sem consumir energia. A
radiação térmica proporciona algum resfriamento noturno natural e é usada para
o resfriamento residencial em algumas áreas. Contudo, o resfriamento durante o
dia, sob luz solar direta, vinha sendo historicamente um desafio a vencer -
para uma estrutura exposta à luz solar, mesmo uma pequena quantidade de energia
solar diretamente absorvida é suficiente para anular a radiação passiva.
Yao Zhai e seus colegas venceram
o desafio sintetizando um material de dupla ação: ele reflete quaisquer raios
solares incidentes de volta para o espaço, ao mesmo tempo fornecendo um meio de
escape para a radiação infravermelha. Para isso, sobre um substrato de polímero
foram depositadas microesferas de vidro que dispersam a luz visível e irradiam
luz infravermelha. Em seguida, uma película de prata garante a máxima
reflectância espectral.
"Tanto a formação do
metamaterial de polímero e vidro, quanto o revestimento de prata, são
fabricados em escala industrial em processos de rolo a rolo," disse
Ronggui Yang, membro da equipe.
Ilustração da estrutura do metamaterial, cujas
partes ativas são microesferas de vidro e uma película de prata. [Imagem: CU
Boulder]
Quem quer vender?
Durante os testes de campo, o
metamaterial demonstrou uma potência média de resfriamento radiativo de 110
watts por metro quadrado (W/m2) durante 72 horas contínuas, e de 90 W/m2 em luz
solar direta ao meio-dia. Esse poder de resfriamento é aproximadamente
equivalente à eletricidade gerada usando células solares em uma área similar,
mas o resfriamento radiativo tem a vantagem de funcionar continuamente dia e
noite.
"Apenas 10 a 20 metros
quadrados deste material no telhado poderiam muito bem esfriar uma casa no
verão", disse o pesquisador Gang Tan.
A equipe pretende construir
imediatamente um protótipo de resfriamento passivo de 200 metros quadrados na
própria universidade, para demonstrar a tecnologia aos interessados em
comercializá-la.
Bibliografia:
Scalable-manufactured randomized glass-polymer hybrid metamaterial for
daytime radiative cooling
Yao Zhai, Yaoguang Ma, Sabrina N. David, Dongliang Zhao, Runnan Lou, Gang Tan,
Ronggui Yang, Xiaobo Yin
Science
DOI: 10.1126/science.aai7899
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