terça-feira, 20 de novembro de 2018
Uma cidade comum
Distrito
Federal registra desigualdade maior que restante do país
Brasília não é ilha da fantasia, diz presidente da
Codeplan
Publicado
em 16/11/2018 - 07:31
Por
Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil Brasília
A visão de que Brasília é uma
ilha da fantasia, onde se vive em condição muito melhor do que em outras partes
do país, é uma ideia que desconsidera a maioria da população do Distrito
Federal, defende o cientista político Lúcio Rennó, presidente Companhia de
Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). O órgão é responsável, entre
outras atribuições, por estudos e análises sociais, econômicas, demográficas,
além de avaliar políticas públicas para o governo do DF.
O Distrito Federal registra
desigualdade maior do que o resto do país e da região Centro-Oeste. O Índice de
Gini – medida de desigualdade que varia de 0 a 1 (0 é o ideal de igualdade e 1
é o pior grau de desigualdade) – foi 0,602 em 2017, enquanto no país o índice
foi 0,549 e no Centro-Oeste, 0,536. Os dados fazem parte do estudo Projeções e
Cenários do DF.
“Quem fala que é uma ilha da
fantasia está se referindo às regiões administrativas do Plano Piloto, do Lago
Sul e do Lago Norte – esse centro muito pequeno do Distrito Federal onde há uma
população que sim tem uma renda diferenciada da média do Brasil, uma alta
qualidade de vida”, afirma Segundo Lúcio Rennó.
Um dado ilustra a desigualdade.
Em 2017, caiu o número de pessoas que usaram ônibus em cerca de 9%. No mesmo
ano, cresceu em 3,11% a frota de carros emplacados do DF.
Segundo Rennó, de um lado estão
pessoas com dificuldades para pagar a passagem de ônibus, R$ 10 ida e volta das
regiões administrativas antigamente chamadas “cidades-satélites” e o Plano
Piloto, de outro estão os cidadãos que podem comprar carro novo. Mantida a
tendência de aquisição de automóvel, em 2025 a taxa de pessoa por carro será
menos que um passageiro e um motorista (taxa de 1,6).
Demandas Sociais
Além da mobilidade, a capital
federal do Brasil terá de fazer grande esforço zerar problemas de assistência à
saúde, universalizar a educação básica e resolver o déficit habitacional.
Conforme os dados da Codeplan, a
cidade precisa criar 70,5 mil creches para atender todas as crianças de 0 a 3
anos até 2024 e atingir metas nacionais de educação. No mesmo período, para pré-escola
(4 e 5 anos) serão necessárias 16,5 mil vagas; e para o ensino médio, 43,9 mil
vagas. As projeções não identificaram necessidade de vagas para outros níveis
de ensino.
No caso das metas de atendimento
da saúde pública, há necessidade de ampliação da oferta de mais 550 leitos até
2025; da contratação de 50 equipes de saúde da Família (com médico, enfermeiro,
auxiliar e agentes de saúde), e da contratação de quase 200 equipes para saúde
bucal.
O cálculo da Codeplan é de que o
déficit habitacional esteja em 2020 em 126 mil domicílios e possa chegar a
133,8 em 2025.
A Codeplan prevê aumento
expressivo e acelerado do número de pessoas idosas no DF. Em 2015, haviam 35,7
pessoas com 60 anos ou mais para cada grupo 100 crianças e jovens. Em 2025, a
relação será de 75,2 para cada grupo 100 crianças e jovens.
Ocupação, crescimento e arrecadação
Se as necessidades assistência à
população em diferentes áreas é dada como certa, não há sinal seguro na
economia de que nos próximos anos Brasília consiga ter intenso crescimento
econômico, geração de emprego e aumento de arrecadação para atender as demandas
sociais da população.
Segundo a Codeplan, até 2022 a
arrecadação deverá crescer 1,8% ao ano (2,5% em cenário otimista e 1,1% em
cenário pessimista). A desocupação deverá permanecer na casa de dois dígitos
nos próximos quatro anos. Num cenário otimista, 11,2% não terão nem emprego nem
trabalho informal no DF em 2022. Em perspectiva pessimista, a desocupação
chegará a 20,5.
Naquele ano, o Produto Interno
Bruto do DF crescerá no máximo a uma taxa de 3,87%; no mínimo, 2,78%.
Edição:
Talita Cavalcante
Marcadores:
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desigualdade,
Distrito Federal
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